domingo, fevereiro 28, 2010

A diferença da "normalidade".

Amanhã começa a "normalidade" na cidade do Funchal, após uma semana da tragédia, as pessoas não sabem como vão encontrar as ruas e o tal café que lhes atendia sempre com um sorriso. Eu sinto-me assim. Há uma semana que não me desloco ao centro mas decidi que amanhã vou aventurar-me por essas ruas abaixo e vou ver o mar, de mais perto. Vou passear pelas minhas ruas preferidas e vou ouvir o que a Cidade tem para me dizer e o que tem para me mostrar.
Não vai ser fácil ver alguns sítios detruídos e o Funchal, certamente, não vai estar tão alegre como é hábito. Agora as pessoas, os madeirenses, é que vão ter de fazer a alegria desta Cidade, que nem mesmo com o mau tempo cruzou os braços. O que mais se tem visto é a força que um povo pode ter, todos juntos por uma causa. A recuperação da Madeira é neste momento uma prioridade, uma necessidade e um objectivo. Como já disse a união faz a força e a Madeira tem sido exemplo disso. Mas também o têm sido todas os portugueses e estrangeiros que têm contribuído para que esta recuperação seja concluída o mais rapidamente possível. Acreditando nas palavras de AJJ "a Madeira vai ficar ainda mais bonita do que era, em dois meses."
:D

sábado, fevereiro 27, 2010

Que a seguir à tempestade venha a bonança...

A verdade é que de bonança ainda não tivemos nada. Ainda nem recuperámos do susto e já outra tragédia, embora mais pequena em dimensão, acontece. Começo a descobrir aspectos menos positivos de viver numa ilha. Ainda estamos a recuperar do que se passou à uma semana, e embora a Madeira esteja sob alerta, desta vez foi a vez do mar fazer as suas partidas. Vento e água quando se juntam só fazem estragos. A algum tempo o mar galgou as fronteiras terrestres e destruiu uma das praias do Funchal, a Barreirinha. agora foi a vez de não só entrar para a piscina do Lido mas também derrubar o muro que separava a praia do mar. Há quem diga que o segundo andar do compleo balnear foi afectado, não sei se é verdade mas não deixa de ser possível. O País está em alerta laranja em todos os distritos e, como é normal, a população está assustada e com medo. Vamos passar mais uma noite sem dormir, com a espera de rajadas de vento a cerca de 150 km/h. O alerta mantém-se e já faz duas semanas em que assustamo-nos por tudo e por nada. O sol hoje deu o ar da sua graça, as pessoas assim sempre parecem mais felizes, nem que isso seja uma capa ou disfarce. Tudo fica mais bonito com sol.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Comprei a Visão, sencionalista ou não, é uma causa com certeza.

Hoje comprei a Visão. Ontem um amigo alertou-me para a capa da revista e depois no facebook até houve polémica e discussão onde foi comentada esta capa como sendo sensacionalista.
Eu, sendo madeirense, não achei sensacionalista até porque jornais nacionais, durante esta semana, mostraram fotos deste género. Na verdade, embora chocante, foi isto que aconteceu. Não se falam muito das vítimas que morreram, mas elas existem. As fotos estão na Internet para quem quiser ver. Além do mais, esta será a forma de vender um pouco mais revistas do que o normal e mesmo assim dar o seu contributo, pois 0.50 € revertem a favor das vítimas desta intempérie. Sensacionalista ou não, a verdade é que em vários quiosques, na Madeira, esgotaram, fui encontrar num supermercado e junto a esta já não haviam muitas. Logo a seguir a mim, várias pessoas pegaram também numa revista, e quando esperava na fila para pagar o casal de estrangeiros que estava à minha frente olhavam para a revista e tentavam entender o que lá estava escrito. De certeza que se tivesse sido feita uma edição em inglês, esgotava.

Estratégia de venda ou não, a verdade é que é uma compilação do que se passou na última semana na Madeira. Fala-se em imagens chocantes, mas será que alguém pensou que algumas pessoas viram imagens "ao vivo e a cores" bem piores? Pessoas que ficaram com a imagem do desespero das pessoas que foram levadas pela força da água, os seus rostos assombram quando fecham os olhos, tudo porque não conseguiram ajudá-las, porque, simplesmente "escorregavam das mãos".

Como a Visão, outras revistas podiam ter feito o mesmo, 0.50€ é só uma pequena parte dos seus 2.95€, total da revista. Não vamos começar já a chamar nomes quando estamos todos solidários para ajudar quem com nada ficou. "VISÃO, TENHA UMA."

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Números e erros de cálculos, alguém faltou às aulas de matemática.

Hoje vem publicado no DN-Madeira uma notícia que referencia a primeira autópsia realizada, às vítimas do temporal, tem o número 64. Os responsáveis de medicina legal explicam que este é um número sequencial das anteriores autópsias, processos, feitas desde o dia 1 de Janeiro de 2010. A verdade é que mais à frente na notícia referem que o número actual é de 108 processos. Feitas as contas foram feitas 44 autópsias. Agora pergunto se não estará o GR a fazer mal as contas quando ontem referiam a estimativa de 42 vítimas mortais e hoje vários canais de televisão focam as 41 vítimas, alegando ser o número oficial dado pelo GR. Só aqui já estamos com uma diferença de três vítimas. Outra questão que se levanta é quando se lê na dita notícia que foram autopsiados 36 dos 38 corpos. Então, ainda faltam dois, o que aumenta o número para 110, prefazendo um total de 46 vítimas mortais. Acho que basta fazer contas.
Bem, alguém andou a faltar às aulas de matemática.

Volto a dizer que compreendo que não divulguem o número total de vítimas, não há razão para alarmismos, mas que façam bem as contas porque este tipo de situação só lhes fica mal. Depois dizem que o mal é dos órgãos de comunicação social e coitados dos jornalistas que são criticados sem dó.
Os dados que estão a ser fornecidos aos jornalistas não são os mesmos e os números diferem muito. Na minha zona por exemplo, o Livramento, infelizmente faleceram muitas pessoas, e para nós é fácil fazer as contas e ultrapassam as 15 vítimas, no mínimo. Não entrando em pormenores, mas referindo o assunto, foi dito à RTP que só perderam a vida duas pessoas, a indignação começa a levantar-se e as pessoas estão revoltadas com o que é dito. Algumas delas vêem a memória dos seus familiares a ser destruída. Será justa esta falta de verdade sobre a realidade de todos os madeirenses??!!

Alguns dos Jornais e revistas que falam da tragédia na Pérola do Atlântico

Notícias da Covilhã

Urbi et Orbi

Focus

Sábado

Visão

Público

DN

DN- Madeira

JN

Jornal da Madeira

Correio da Manhã

O cheiro das ruas...

Psicológico ou não a verdade é que as ruas cheiram mal. Não sei explicar a que cheiram as ruas, mas a minha rua, em especial, tem um cheiro diferente e não é a terra molhada. Na minha rua foram encontrados cerca de 20 corpos, alguns dos quais só foram encontrados ontem, e daí o cheiro putrefactivo. Cheira a tristeza, lágrimas e morte. É estranho passar naquela estrada onde pessoas perderam a vida. Estrada que continuam "meio fechadas", só residentes podem passar e mesmo assim com controlo, pois está muito danificada. As paredes parecem que vão cair a qualquer momento e o pavimento está frágil, em alguns sítios deixou de existir alcatrão.
Acho que estamos a ser influenciados pelos sentimentos de todos, andamos em sobressalto devido ao mau tempo que se avizinha, outra vez. Dizem que amanhã vai chover e aconselham a ter cuidado, evitar sair de casa e etc. Uns dizem que não é preciso alarmismos porque não vai acontecer mais nenhuma tragédia, outros dizem que tudo pode acontecer. Já ninguém sabe em que acreditar, as informações são todas diferentes e podem ter dois significados: ou tornar o povo num bando de medricas ou então em super-heróis, fortes e sem medo.
Daqui a dois dias faz uma semana mas para todos nós parece ter acontecido ontem...

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Boatos, suposições e verdades misturam-se.

São muitas as informações que não são oficializadas, há troca de números de vítimas mortais, o GR tenta desculpar-se mas acabam por só meter os pés pelas mãos. Os números não são os verdadeiros, nem os dados os correctos, alguém tenta esconder o que realmente se passa mas isso só está a trazer revolta no seio da população. Alguns órgãos da comunicação social avançam com números dizendo que foram obtidos através de populares que estavam no recinto. Se é verdade ou não, ninguém sabe.

A verdade é que mesmo com toda a tragédia a acontecer, o mau tempo que varreu toda a baixa funchalense, vários funcionários de um shopping center conhecido e localizado numa zona que não foi afectada pelo mau tempo, esses funcionários tiveram de trabalhar todo o dia, até ás 19h, sem que houvesse trocas de turnos. Segundo algumas pessoas, a direcção principal deste edifício, que no momento da tragédia se encontrava em Portugal Continental, não autorizou as lojas a fechar, ameaçando multas aos lojistas. A direcção do referido shopping transmitiu as ordens dos superiores e assim, os lojistas passaram o dia inteiro a pensar o que poderia ter acontecido aos seus familiares e colegas que não conseguiram chegar ao local de trabalho. Esta atitude dos órgãos superiores é no mínimo desumana. Uma das lojas do referido centro comercial ainda deixou as portas abertas até à meia noite, sempre com os mesmos funcionários do turno da manhã.
Está a existir uma grande união no que toca à limpeza da Cidade mas ainda há quem tenha sido egoísta e desumano no que toca a recursos humanos. Sabe-se que exploração existe em muitos sítios mas este tipo de exploração ultrapassa qualquer grau de desumanidade. Os funcionários não têm só deveres com as empresas como também têm direitos.
A pouco e pouco vão-se descobrindo situações que aconteceram a 20 de Fevereiro.

A imagem que percorre as redes sociais.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

30 minutos demorados no que antes se fazia em cinco minutos

Parece incrível, pelo menos para mim, mas hoje tive de sair de casa por necessidade e sair até saí bem. As estradas estão mais ou menos abertas e pelo meno os moradores podem passar. Fiz o que tinha a fazer e regressei a casa. Mas este regresso que antes demorava cinco minutos, e era praticamente feito através da via reservada foi feito por ruas, estradas, pontes que já nem me lembrava que existiam. Uma pessoa habitua-se às estradas mais fáceis e com um acesso mais rápido, aproveitamos as vias mais rápidas tudo para chegarmos aos sítios sem muito embaraço.
Devido ao longo trajecto, passei por uma das zonas bastante afectada pelo mau tempo, a zona da Fundoa. Os extremos da estrada onde passa uma das ribeiras está repleto de buracos feitos como que a descer da montanha. Não sei explicar exactamente o que vi. Bocados tirados da montanha como se alguém tivesse lá ido com uma pá ou uma enxada. A estrada estava com buracos, água e terra. No percurso dá para ver um armazém todo destruído, onde era uma padaria, do outro lado um outro armazém com carros todos sujos e alguns com moças. É impressionante ver estas imagens reais. E isto, em comparação com outros locais, não é nada.

Descobertas, decisões e opiniões sobre a tragédia

Cada dia está a ser uma descoberta, embora não seja positiva. Desde as notícias na televisão como nos jornais, todos os dias há algo novo para contar. E até para especular. Apesar de tudo o que aconteceu a comunicação social tem sabido comportar-se na informação que disponibiliza. Digamos que não tem exagerado nos boatos, que se têm feito, na sua maioria, pelos populares, como na dramatização exacerbada dos acontecimentos. Mesmo sendo esta uma situação dramática é bom que não se use isso para dramatizar ainda mais. A verdade, é que todos os dias têm sido suficientemente tristes com notícias de mais desaparecidos, contam já com cerca de 40, e mais pessoas vão sendo encontradas debaixo dos escombros já sem vida.
Muitas pessoas estão impossibilitadas de se dirigirem ao Funchal, centro, porque as estradas estão fechadas. Mesmo assim, a população tenta sair de casa para se distrair e aproveitam as ligações existentes na periferia. Alguns estão sensibilizados e tristes, só os seus rostos são o retrato da tragédia que abalou a população portuguesa. Outras pessoas, embora tenham visto imagens e notícias continuam a ir para os shoppings porque não conseguem controlar o vício do consumismo. Quem fará o certo? A verdade é que temos de tentar seguir as nossas vidas o mais normais possíveis.
As autoridades não revelam os números correctos das vítimas mortais, talvez para não alarmarem a população, mas há quem diga que já se contabilizam mais de 60. O número de desalojados aumentou para mais de 600 e cada vez mais vão aparecendo vítimas deste atentado da natureza.
A ajuda da população tem sido imprescindível pois as ruas do Funchal, em dois dias, já não parecem ser as mesmas da manhã de sábado. Os comerciantes vêem os seus negócios lamacentos e sem brio, mas dizem que não vão desistir.
AJJ, não quer que se transmita as desgraças madeirenses para o estrangeiro de modo a não prejudicar a imagem da madeira. Imagem essa que, neste momento, é de tristeza e de solidariedade mútua. O governador madeirense salienta ainda que não vai declarar calamidade pública, mesmo que se considere uma situação de calamidade.
Começam a atribuir-se culpas, a população tem o hábito de dizer que tudo é culpa "dos políticos", "esses gatunos" reforçam. Há quem diga que "alguém meteu ao bolso o dinheiro das obras para o povo", são vários os comentários e as atribuições de culpa. Sim, não existiu uma política de ordenamento válido, houve uma má gestão de recursos, deram-se autorização de construções que não deviam, mas este momento não é de atribuição de culpas mas sim de inter-ajuda, pois sejam ou não culpados todos arregaçaram as mangas e sujaram as mãos de lama. Será que "outros" de outros sítios e países fariam o mesmo?
Neste momento é altura de felicitar os vivos, chorar os que se perderam, lutar para reconstruir as localidades e ter orgulho de ser madeirense.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

O alarmismo continua

O povo madeirense vive nervoso, tudo assusta e desperta o alarmismo exacerbado pois, neste momento, todo o cuidado é pouco. Os aventureiros saem à rua e passeiam-se pela baixa do Funchal estragando e prejudicando os trabalhos nas estradas. Não têm consciência da gravidade da situação. Os carros da PSP, da Protecção Civil, carrinhas do Exército e ambulâncias são uma constante na via reservada junto a minha casa.
De tarde tentei dormir um pouco, pois a noite foi díficil, mas nem 10 minutos consegui descansar, quatro carros da polícia com as sirenes ligadas e com uma voz a pedir aos condutores que se afastassem, acordaram-me. Acordei assustada, também não era para menos já comecei a pensar que algures aconteceu mais alguma coisa. As autoridades não querem revelar toda a informação que dispõem mesmo pela questão das pessoas estarem sensiveis e qualquer revelação só vai provocar ainda mais problemas.
Passou mais um carro da PSP, não sei o que parece, as sirenes assustam. Os trabalhos de limpeza da Cidade continuam e vão estar a decorrer durante toda a noite. Estamos em luto nacional mas ando perdida pela minha casa sem saber o que fazer. Até quarta-feira sair de casa é igual a transtorno, primeiro porque as estradas estão interrompidas, segundo porque não temos para onde ir e, por último, só ia prejudicar a continuação dos trabalhos.
As pessoas estão cansadas, passam o dia em frente à televisão de modo a saberem de tudo o que se passa lá fora. O número de vítimas a cada dia aumenta. Os carros sinistrados estão a ser removidos das estradas e isso está a trazer, aos poucos, a imagem que tinhamos das ruas, embora ainda com muita lama.
As forças de intervenção estão no terreno, a Fragata Côrte-Real acabou de atracar, as ajudas vêm de todo o lado e são bem vindas. Avizinha-se mais uma noite, espero que seja de sono e não de insónias.

Mais uma manhã de tristeza

A noite foi mal dormida, o vento que se fez sentir assustava qualquer pessoa. A manhã começa com notícias do estado do Funchal e as autoridades advertem para que a população não saia de casa devido ao risco de derrocadas em várias zonas da Ilha. Na verdade, já estamos em casa à quase três dias, já não sabemos o que fazer mais. Continuamos sem poder ajudar muito porque os acessos ainda são poucos. As limpezas de estradas continuam e mais dois dias, em principio, estarão conluídas. a chuva e o vento são uma constante nesta manhã de caos.
Olho pela janela e parece tudo normal, visto de cima não parece haver desgraça nem morte, mas é o coração da Cidade onde a destruição é visível, o mar está castanho, e as ruas principais destruídas. População isolada, pessoas inconsoláveis é que nos fazem acreditar que realmente aconteceu, embora pareça que tudo não passa de um pesadelo. :(

2º dia de devastação na Madeira

A noite foi mal dormida mas acordei e pus-me a pensar: será que foi um pesadelo ou aconteceu mesmo?
Continua a não haver água nem luz, são cerca das 9 da manhã e fomos à busca de um supermercado para comprar água potável. Já não há garrafões de águas, compram-se garrafas de qualquer marca e os preços não interessam. Quase que lutam para conseguirem ter água potável em suas casas. A maioria da população do Funchal não tem água potável e não sabe quando chegará a suas casas. As filas nas caixas registradoras estão impossíveis, mas espera-se até que chegue a nossa vez. As funcionárias do dito supermercado não tinham mãos a medir para repor stocks e ajudarem as pessoas, o que muitos se esqueceram é que essas mesmas funcionárias também têm família.
O caos instalou-se em cerca de 30m, empurra daqui e dali, lá feitas as compras rumo a casa. Pelo caminho viu-se destruição, estradas barradas, outras inexistentes, casas destruídas, acessos negados e ausência da alegria de um domingo de manhã.
As comunicações de telemóvel ainda falham, mas mesmo assim já conseguimos saber dos entes queridos e receber mensagens aflitas de amigos que estão longe mas que nunca se esquecem de nós.
A cada metro percorrido uma tragédia para contar, parece o fim do mundo. Cortaram o acesso principal a minha casa, a estrada está a ceder e encontraram mais carros soterrados debaixo dos escombros. Morreram pessoas e os carros parecem autênticos acordeões. É indescritível o que se sente ao ver tamanha destruição.
Chegados a casa, água e luz cortadas. Voltamos para casa de uns familiares, passámos a tarde em frente à televisão a ver o rasto de destruição que a água das ribeiras deixou. Ribeira Brava, uma das localidades que sofreu com as intempéries, O Curral das Freiras isolado há mais de 24h. 36 famílias estão desalojadas e parte da Ribeira do Trapiche, Sto. António, deixou de existir. Este é um dos balanços que se ouve e se vê nos canais de tv.
A tarde passa num ápice e não sabemos o que fazer, não podemos sair de casa nem para ajudar, não temos acesso ao Funchal. Não há ânimo para filmes e continuamos a querer informar todos os amigos que estamos bem. Na Via Rápida que passa mesmo em frente à minha casa passam várias ambulâncias, carros da polícia e bombeiros, ainda ficamos mais nervosos.
O dia acaba com o balanço de 42 mortes, 248 desalojados e 120 feridos, alguns dos quais feridos graves. Termina assim um fim-de-semana trágico, entra-se numa semana de destruição e avizinham-se tempos difíceis para todos. As escolas fecharam, o alerta é para amanhã não sairmos de casa. As autoridades advertem para cuidados extremos e até já se falam em assaltos a lojas que foram parcialmente destruídas na baixa funchalense. Há gente para tudo, mesmo em momentos de tristeza aproveitam-se do horror e da destruição.
A noite caiu, o vento começou e não parece querer ir embora, está a cerca de 100/120 km/h. É assustador a força das rajadas de vento e da força da natureza. Continuamos todos em alerta vermelho, nem que seja por precaução.
Não é tão cedo que veremos cair a noite e ver nascer o dia com alegria.

Funchal devastado pelas "enchurradas"

Logo pela manhã: acordo por volta das 10 da manhã, olho pela janela e penso: "eh pa, tá a chover outra vez, mais um fim-de-semana fechada em casa". Na verdade, mais valia ser um fim-de-semana fechada em casa pela presença de alguns aguaceiros mas afinal foi pelas piores razões. O caudal da água que descia pela estrada luso-brasileira, que dá ligação à Pena, tinha cerca de 2 metros de água de altura, onde não parecia possível existir tanta água, ela continuava a correr. Os carros foram levados pelo antigo ribeiro que veio buscar o seu percurso natural, que foi desviado há muitos anos. A natureza tem destas coisas, se sempre existiu de uma forma para quê mudá-la? Mais tarde ou mais cedo a própria natureza vai buscar o que lhe pertence e lhe foi roubado. Já os antigos diziam. Carros soterrados, pessoas aflitas à procura de familiares, este foi o cenário que vi acontecer, ainda enquanto tentava acordar para uma realidade que esperava não ser a minha. Casas sem água e sem luz, as notícias ouviam-se através de um rádio a pilhas. Os próprios jornalistas diziam estar a ver a água a passar em frente das estações e o perigo pelo que passavam.

As pessoas desesperavam ao ver tanta destruição, tanta catástrofe. Há uns dias apoiavamos o Haiti, hoje somos nós que precisamos de ajuda. Mais tarde, em casa de familiares com electricidade, vê-se toda a destruição que destruiu o Funchal, a Ribeira Brava e outras localidades.
Não quero acreditar naquilo que os meus olhos vêem. Não conseguimos entrar em contacto com ninguém, não há telemóveis. Os pensamentos não eram os melhores, ao ver tanta destruição. Vidas ceifadas e destruidas pela força da natureza. É tudo tão assustador, trágico que nem parece real. A televisão mostra as primeiras imagens de devastação e de tragédia. Chego à conclusão que desapareceu a cidade que me viu nascer e crescer, e que agora só resta ajudar a reconstruir.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Presidentes, pseudo-presidentes e aqueles que querem ser presidentes.

Cada dia uma história nova, uma publicação ou informação de como o nosso País vai de mal a pior. Acabei de ver, através da RTP, o discurso de Fernando Nobre, na apresentação da sua candidatura à Presidência da República, e mais uma vez confirma-se o ridículo a que a política chega. Ao fim de contas, todos querem um pouco daquilo que os outros têm, até parece que se comem vivos. Aparecem as figuras mais estranhas apresentando-se a cargos importantes e decisivos no que toca à população. Pregoam a Portugal as suas boas famílias e escolas, mas abrem a boca e parecem não ser portugueses. Não falo só de nacionalidade, nem de pertencerem ou não ao povo português, ditos civis, mas no que dizem, como entoam as palavras e na sua própria dicção. Não sei se seriam os nervos, mas Fernando Nobre não tem porte nem discurso para ser presidente da República.

Claro, que seria agradável que se candidatasse alguém que está longe das políticas praticadas, nesse sentido Nobre seria o ideal, mas se não estiver habituado a estas políticas não aguentará nem um dia no cargo. Pois, chacinavam-no de certeza na primeira frase do seu primeiro discurso. Não estamos à procura de um Presidente calado, nem da inexistência de rumo, e promessas todos o fazem.

ERC no seu melhor!!! :D

Após queixa tomam-se medidas. A verdade é que muitos se esquecem do que significa ser imparcial. Muitas vezes a censura ao jornalismo, no nosso País, é a consequência de situações de parcialidade jornalística. Aconselha-se a ler o código deontológico.

Mais.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Conversas de msn e as "bilhardices" do dia-a-dia.

Todos os dias falo, praticamente, com as mesmas pessoas via msn. Amigos de longa data, de curso, amigos recentes e amigos que infelizmente estão longe. As conversas são variadas, temas interessantes e a conversa de "chacha" dominam. Na verdade, e tenho pena, ou melhor, até vergonha de dizer mas se apagasse 90% dos contactos que tenho no msn não faziam falta.
Como disse as conversas são variadas, fala-se de passado, presente e objectivos futuros, mas no que toca a "bilhardice" é que é demais. Eu juro que não quero saber de nada mas tudo me chega aos ouvidos. Hoje falou-se num tema que apesar de desinteressante, no que toca a situações e histórias várias de uma das pessoas envolvidas, não deixa de ser preocupante. Pois há pessoas que abusam das amizades, dos amigos e de tudo o que as rodeia. E, cada vez mais, encontro pessoas assim ou contam-me histórias que referem isso. Mas o que me preocupa é a falta de vontade ou medo de enfrentar essas situações e, desta forma, deixam-se ser usadas. Eu sei que há quem goste de levar pancada, mas "saco de porrada" é que não.
O que acontece, nos dias de hoje, é que é difícil ter amigos, conhecer pessoas que valham a pena. Conhecidos há muitos, mas pessoas com quem ter uma boa conversa, que nos apoie e vice versa é muito difícil, atrevo-me a dizer que é quase impossível. Às vezes até tenho essa percepção com pessoas que conheço à uma data de anos e que, mesmo assim, conseguem desiludir quem os conhece com acções estranhas e personalidades que desconhecia.
Mais me enerva a questão de certas pessoas, que se acham superiores, julgarem que têm de ter um grupo de companhia sendo que a última palavra é a sua. Damas de companhia já não são moda. Entristece-me que algumas pessoas, que conheço, se submetam a este tipo de situações. Mas, eu lá agora vou estar à mercê da boa disposição dos outros e das suas manias e esquemas. NO WAY!!!
Isto a propósito de uma dita conversa "êmessiana" que conta a história de dois amigos, e que um deles soube algo sobre o outro, por um terceiro. UHM... o que acontece é que a expressão "o corno é o último a saber" é bem verdade. Como é que se pode passar algo, mesmo debaixo do nosso nariz, sem nos apercebermos? A questão é que sim, pode. Conclusão, neste momento, os tais amigos já não são amigos, são uma conveniência em forma de pessoa, que facilita na execução de tarefas diárias, como por exemplo: não ter de ir beber um copo sózinho.
E chegamos ao cúmulo da amizade, ou melhor, as pessoas deviam ser obrigadas a estudar o dicionário para saber o significado das palavras. Amizade não é tirar partido para benefício próprio... Sometimes loneliness can be your best friend.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Trapalhão ou Atrapalhação?

Todos os anos, na terça-feira de Carnaval saem à rua as críticas e sátiras a um Portugal de interesses e manias. Na verdade, é uma soma de conquistas e traições, de políticas e populares, um rol de situações que saem disfarçadas de trapalhadas e trapalhões que desfilam nas principais artérias da minha cidade.
Este ano São Pedro pregou uma partida e não houve troupe, nem desfile de carnaval que tenha escapado a uma molha, em que não havia guarda-chuva que aguentasse. Voltando às críticas, os temas rondaram principalmente o "casamento homossexual" onde cartazes agradeciam ao Sócrates pela decisão e faziam sátiras à sua pessoa. Todos os anos a política exagerada sai à rua dando voz aos populares, traz cá para fora os comentários feitos à mesa de jantar e as críticas faladas na mesa do café.
O Carnaval, este ano, soube a pouco mas mesmo assim houve quem quis aproveitar mesmo com o tempo que se fez. Próximo sábado é o "enterro do osso" e termina a "trapalhada" de um Carnaval molhado e sem brilho.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Chama-se fugir com o rabo à seringa!!!

Estes últimos dias têm sido um pouco como a expressão que intitula este post. Na verdade, por um lado o Vasco da Gama saiu à rua a dizer que vai descobrir um Portugal que se perdeu e logo após atribui a culpa ao povo português, sim foi o povo que escolheu mal os seus dirigentes. Bem, provavelmente será verdade, mas também o povo não tem culpa que certos políticos, depois de estarem no poder, façam exactamente tudo aquilo que NÃO prometeram. Em quem acreditar?

Mais??!" Acontece, também, quando algumas pessoas têm responsabilidades em relação a nós mas que só por isso, e porque no fundo são irresponsáveis, simplesmente desaparecem do mundo. O que antes era conhecido como imensos mails, pedidos de favores, telefonemas e mensagens acabaram... só pelo simples facto de estarem em falta connosco. É caso para dizer que se queres saber se x pessoa é teu amigo empresta-lhe dinheiro. É mais ou menos isto.

Para esquecer tudo o que de mau e injusto existe tentas colar-te à tv e acabas por ver tudo do mesmo, a televisão é o espelho do povo que temos e que somos. Ontem terminou mais um dos imensos programas de entretenimento e por isso recordei alguns momentos do referido programa. Na verdade, este é um programa por onde passaram cantores amadores que têm muito de profissionais. Os três últimos finalistas foram, sem dúvida nenhuma, as três melhores vozes do programa, mas na verdade o terceiro lugar, a dita medalha de bronze, era o único concorrente que cantava pop. Afinal não era um cantor pop que estavam à procura? Provavelmente o povo português não se apercebeu disso, pois o objectivo do programa era decobrir o próximo cantor pop de Portugal e apesar dele lá ter estado não votaram o suficiente para que tivesse ganho. Aos dois finalistas só digo que foram fantásticos, são fantásticos e espero que continuem assim e que sigam uma carreira artística. Isto levou-me a pensar nas outras edições do programa e cheguei à conclusão que do referido programa nunca saiu um cantor pop, foram sempre cantores de outras "bandas" da música, mas nunca cantores pop, não os vencedores... uhm, será mais uma vez culpa do povo que não sabe votar?
Isto dá que pensar...

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

As "travecas" sairam à rua!

Para quem não sabe a sexta-feira é a noite de Carnaval intitulada de "Noite dos Travestis". Todo o homem tem a oportunidade de saber um pouco sobre o que é ser mulher, com direito a saltos altos, que doem os pés, unhas compridas, embora postiças, penteados em cabelos de várias cores e feitios, meias de lycra, e muitos deles até usam ligas.
As mulheres, não têm piada nenhuma, vestem-se de homens e no fim da noite parecem também umas "travecas" pois parecem autênticos gays, sem ofensa.
O que eu gosto mesmo é de ver que há homens que mesmo travestidos continuam a ser homens e realmente, no fim da noite dão valor a nós mulheres.
Claro, que falta dizer que também há muitos homens que anseiam o ano inteiro para poderem vestir as roupas que sempre sonharam pois, infelizmente, são homens.
Ontem vi o travesti mais travesti e que ao mesmo tempo me deu náuseas. O fantástico "outfit" tinha direito a plumas, saltos altos, agulha e de metal, maquilhagem exagerada, mas o melhor foi a roupa. O dito senhor, ou melhor, senhora, estava com um boxer de renda, digamos que lhe viamos o rabiosque todo, e na parte superior um corpete muito ousado. Andava a pavonear-me por todo o bar, na rua e ainda fazia questão de mostrar que sabia andar de saltos altos melhor que muita mulher. É com cada um...
Sentimento da noite: Vou mas'é pa casa porque já não aguento dos pés. Digamos que a noite não foi como as famosas noite de Carnaval de que me lembrava... e que traziam saudade. Este ano não tenho saudades do Carnaval...

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Na minha rua não haviam gajos bons!!! :'(

Na sequência de uma conversa com um amigo cheguei à conclusão que em todas as ruas que vivi, durante o período em que vivi na Cidade Neve, não haviam gajos bons, não tinha vizinhos jeitosos nem nada que se pareça. Mas esse meu amigo teve direito a uma vizinhança de meninas jeitosas, interessantes e até divertidas e ainda, tem histórias para contar.

Assim, lembrei-me dos meus vizinhos: o rapaz do 10º andar do prédio duas ruas acima, com tronco nu e a acenar da varanda; os bombeiros que faziam serão, alguns até eram jeitosos; os rapazes que viviam algures num apartamento por perto mas que nunca soubemos qual, só se ouviam as conversas e as gargalhadas; os namorados das vizinhas, mas nenhum era de jeito; o velhote do apartamento da frente... e esses eram os meus vizinhos. Por isso, NA MINHA RUA NÃO HAVIAM GAJOS BONS!!!

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Coraçãozinhos, almofadas, flores e muito, muito mais.

Não gosto! Pronto, está dito. Da última vez que me tentaram oferecer um coisa dessas, sim tentaram, eu parti, embora sem querer. O dia dos namorados não tem de ser um dia de festejo, acho que é pobre até ter um dia para festejar o motivo de ter um/a namorado/a. Supostamente não deviam ser todos os dias?... depois vem aquela cena de ter de cativar o parceiro todos os dias, ah e tal, e coisa... ou acham que é só no casamento? Na na na na nãaaa... começa já no namoro, até porque o casamento já vai ficando fora de moda.

Porque é que eu, uma pessoa que não acha graça a este festejo, tem de ser atropelada na rua com montras decoradas com essas tretas, que são bonitas quando oferecidas sem motivo aparente, e ter de ouvir conversas com perguntas tipo: "ah, o que será que vou receber no dia dos namorados?"... bah

Serei só eu a não gostar do dia dos namorados?

Eh pa, e ainda vai uma pessoa confraternizar lá naquela cena das redes sociais e é confrontada novamente com essa cena dos hugs, e kisses e sei lá mais o quê. É caso para uma pessoa ficar chateada, não tenho razão? Claro que tenho, ah pois é. Eu sei.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

H. vamos jantar a Alfama??!!


Alfama, Alfama... soa a Fado e a cultura. Cheira a Marchas e a Carnaval. Ruas pequenas e estreitas onde estico os braços e toco nas suas paredes cravadas de momentos e memórias de pessoas que por aqueles lados passaram.

Hoje ia jantar a Alfama, ouvir histórias dos populares, ia passear até o Largo e comer cascas de batata frita com molho à moda casa, vinho português, massa italiana com especiarias várias e só resta dizer "Bon apetit!!!". Ah... sem esquecer que o dono do restaurante é muito "parecido" com aquele actor de comédia, é o que faz ter irmãos gémeos...

Mas o melhor de tudo é a companhia, a conversa, o carinho, a amizade e tudo aquilo que temos direito.

Sim... hoje ia contigo jantar a Alfama.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei.

Se tudo fosse mais fácil não era necessário ter de ler nas entrelinhas e pensar em coisas que noutro momento seriam impensáveis. Artimanhas não eram nenhuma forma de conseguir aquilo que se pretende nem o segredo seria uma constante. Tudo era perfeito ,ou mesmo uma seca, se todos soubessem o mesmo e do mesmo falassem. Tudo é nada e nada é a ausência de um todo.
A questão de copo meio vazio, meio cheio é arriscada para quem não sabe fazer contas de quanto é um copo e o significado daquilo que é o meio.
Se todos fossemos iguais e pensassemos da mesma forma não estaríamos aqui... esta conversa parece não ter sentido mas tem... por isso digo-te: Eu sei!!!

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Contra ou a favor de Mário Crespo??!

A questão jornalística será sempre um assunto muito conturbado de modo a criar conflitos entre o povo e as politiquices do quotidiano. Mais uma vez se questiona a liberdade de expressão e a privacidade de personalidades. Mas será motivo para tanto alarido? E, motivo para a não publicação de um artigo de opinião? Sim ARTIGO DE OPINIÃO = a dizer aquilo que pensamos. Nunca um jornalista com a experiência de Mário Crespo escreveria algo que não fundamentasse e mesmo que não o fizesse, é um artigo de opinião, é aquilo que o jornalista pensa. É o único momento em que o jornalista pode ser parcial e fazer acreditar aquilo em que acredita.
São muitas as questões que se levantam com esta situação mas, principalmente, é a criação de uma polémica para se esquecerem as outras, é fazer notícia de onde só há um incidente. querer levar este assunto à ERC é, simplesmente, querer colocar de lado um profissional, pôr em questão o seu profissionalismo. Mas porquê, vamos voltar à censura?
Opinião é opinião e nunca será nada mais, nada mesmo senão OPINIÃO. Será necessário ensinar o nosso povo qual o significado das palavras ou então será necessário ensinar os nossos políticos a serem pessoas. Não endereçando o comentário a ninguém só lamento que se corra o risco de perder bons profissionais por situações deste género. De certeza que esta questão não será a primeira vez que vê a luz do dia, entre muitas outras sugerindo os mesmo profissionais. Esperemos que nada aconteça, pelo menos nada que prejudique nem um nem outro.