segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Funchal devastado pelas "enchurradas"

Logo pela manhã: acordo por volta das 10 da manhã, olho pela janela e penso: "eh pa, tá a chover outra vez, mais um fim-de-semana fechada em casa". Na verdade, mais valia ser um fim-de-semana fechada em casa pela presença de alguns aguaceiros mas afinal foi pelas piores razões. O caudal da água que descia pela estrada luso-brasileira, que dá ligação à Pena, tinha cerca de 2 metros de água de altura, onde não parecia possível existir tanta água, ela continuava a correr. Os carros foram levados pelo antigo ribeiro que veio buscar o seu percurso natural, que foi desviado há muitos anos. A natureza tem destas coisas, se sempre existiu de uma forma para quê mudá-la? Mais tarde ou mais cedo a própria natureza vai buscar o que lhe pertence e lhe foi roubado. Já os antigos diziam. Carros soterrados, pessoas aflitas à procura de familiares, este foi o cenário que vi acontecer, ainda enquanto tentava acordar para uma realidade que esperava não ser a minha. Casas sem água e sem luz, as notícias ouviam-se através de um rádio a pilhas. Os próprios jornalistas diziam estar a ver a água a passar em frente das estações e o perigo pelo que passavam.

As pessoas desesperavam ao ver tanta destruição, tanta catástrofe. Há uns dias apoiavamos o Haiti, hoje somos nós que precisamos de ajuda. Mais tarde, em casa de familiares com electricidade, vê-se toda a destruição que destruiu o Funchal, a Ribeira Brava e outras localidades.
Não quero acreditar naquilo que os meus olhos vêem. Não conseguimos entrar em contacto com ninguém, não há telemóveis. Os pensamentos não eram os melhores, ao ver tanta destruição. Vidas ceifadas e destruidas pela força da natureza. É tudo tão assustador, trágico que nem parece real. A televisão mostra as primeiras imagens de devastação e de tragédia. Chego à conclusão que desapareceu a cidade que me viu nascer e crescer, e que agora só resta ajudar a reconstruir.

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