terça-feira, outubro 02, 2012

Geração 500 / geração à rasca

Ontem li uma notícia que fazia referência aos ordenados dos mais novos, que apesar de passarem uma média de 20 anos a estudar isso não se reflete na remunação no fim do mês.

Cada vez mais passamos da geração rasca para a geração 500, ou geração à rasca, apesar dos estudos não invalida que os nossos ordenados se traduzam em viver à vontade e sem preocupações. Cada vez mais todos nós contamos os trocos e gastamos para o bem mais necessário esquecendo os luxos, por mais pequenos que sejam.

O empresário que falava neste assunto, em que se baseava toda a notícia, referia que com ordenados de cerca de 500 euros os jovens não tinham vontade de trabalhar, não possuindo nenhum tipo de motivação. A este senhor respondo que não é uma  questão de vontade pois desde que se goste do que se faz levantamo-nos de manhã com orgulho no que fazemos, além de que, neste momento, devemos agradecer por ter um trabalho seja ele qual for. (Infelizmente é este o sentimento geral.)

Mas a necessidade faz levantar qualquer um de manhã e ir trabalhar, o bom ambiente com os colegas também ajuda e se juntarmos tudo é óbvio que queremos ganhar mais no fim do mês pois toda a gente sabe que pagar contas, transportes e alimentação com apenas 500 euros não é fácil, mas também não é impossível. A motivação ganha-se pois deve estar sempre aliada à vontade e à força de mudança, de querer sempre mais. Um boa dose de ambição não faz mal a ninguém, e se todos fizermos o nosso trabalho fazemos lucrar a empresa e com isso lucramos também nós. Infelizmente nem todos pensam assim e nada fazem para melhorar e, com isso, pioram a situação do país, da empresa e a sua.

Acho que temos de fazer como os nossos pais, pensar sempre que amanhã será melhor e devemos poupar nem que sejam umas migalhas, se formos bons gestores do nosso dinheiro seremos bons a gerir qualquer coisa. Até pode ser que isso conte para o nosso CV, já que o outro teve equivalência num curso devido à sua experiência profissional e sem frequentar as aulas. Nunca se sabe - times are changing. :D

Quando se fala em manifestações e que somos a geração à rasca, ou 500, não estamos a jogar fora tudo o que sabemos ou conhecemos, estamos a elevar a nossa voz para que não nos tirem mais, pois se nos tirarem aí ficamos sem nada e não haverá forma de sobreviver. Em tempos dificeis não há fiado e se faltar pão à mesa a padaria não nos vai vender e apontar a dívida no caderninho, os tempos também mudaram e a palavra e a confiança já não são o que eram.

Mas a atitude correcta é a de não desistir, pois se isto melhorar vai melhorar também para os patrões que poderão aumentar quem merece, criando mais poder de compra. Se este ano não dá para fazer umas férias como sonhamos, fazemos umas mais pequenas ou ficamos em casa, pois há sempre o que fazer: nem que seja montar aquela prateleira que espera há meses para ser colocada. ;)

Há sempre o que fazer, agora não é sentados à sombra da bananeira que vamos ver algo feito, temos de por mãos à obra. Não é se queixando do trabalho ou da ausência dele que tudo se resolve. Ouvem-se as pessoas sempre a queixarem-se, ou é do patrão ou dos colegas, ou porque não têm trabalho. Mas simplesmente se queixam e nada fazem, ficam sempre à espera dos subsídios ou que algo mude sem mexer os braços.

Eu posso pertencer a esta sociedade mas não aceito uma geração 500 à rasca, mas sim uma geração 500 desenrascada, pois, mesmo assim, conseguem viver a sua vida com tantos obstáculos, dão a volta e é a esta geração que eu tenho orgulho de pertencer.

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