terça-feira, fevereiro 23, 2010

Descobertas, decisões e opiniões sobre a tragédia

Cada dia está a ser uma descoberta, embora não seja positiva. Desde as notícias na televisão como nos jornais, todos os dias há algo novo para contar. E até para especular. Apesar de tudo o que aconteceu a comunicação social tem sabido comportar-se na informação que disponibiliza. Digamos que não tem exagerado nos boatos, que se têm feito, na sua maioria, pelos populares, como na dramatização exacerbada dos acontecimentos. Mesmo sendo esta uma situação dramática é bom que não se use isso para dramatizar ainda mais. A verdade, é que todos os dias têm sido suficientemente tristes com notícias de mais desaparecidos, contam já com cerca de 40, e mais pessoas vão sendo encontradas debaixo dos escombros já sem vida.
Muitas pessoas estão impossibilitadas de se dirigirem ao Funchal, centro, porque as estradas estão fechadas. Mesmo assim, a população tenta sair de casa para se distrair e aproveitam as ligações existentes na periferia. Alguns estão sensibilizados e tristes, só os seus rostos são o retrato da tragédia que abalou a população portuguesa. Outras pessoas, embora tenham visto imagens e notícias continuam a ir para os shoppings porque não conseguem controlar o vício do consumismo. Quem fará o certo? A verdade é que temos de tentar seguir as nossas vidas o mais normais possíveis.
As autoridades não revelam os números correctos das vítimas mortais, talvez para não alarmarem a população, mas há quem diga que já se contabilizam mais de 60. O número de desalojados aumentou para mais de 600 e cada vez mais vão aparecendo vítimas deste atentado da natureza.
A ajuda da população tem sido imprescindível pois as ruas do Funchal, em dois dias, já não parecem ser as mesmas da manhã de sábado. Os comerciantes vêem os seus negócios lamacentos e sem brio, mas dizem que não vão desistir.
AJJ, não quer que se transmita as desgraças madeirenses para o estrangeiro de modo a não prejudicar a imagem da madeira. Imagem essa que, neste momento, é de tristeza e de solidariedade mútua. O governador madeirense salienta ainda que não vai declarar calamidade pública, mesmo que se considere uma situação de calamidade.
Começam a atribuir-se culpas, a população tem o hábito de dizer que tudo é culpa "dos políticos", "esses gatunos" reforçam. Há quem diga que "alguém meteu ao bolso o dinheiro das obras para o povo", são vários os comentários e as atribuições de culpa. Sim, não existiu uma política de ordenamento válido, houve uma má gestão de recursos, deram-se autorização de construções que não deviam, mas este momento não é de atribuição de culpas mas sim de inter-ajuda, pois sejam ou não culpados todos arregaçaram as mangas e sujaram as mãos de lama. Será que "outros" de outros sítios e países fariam o mesmo?
Neste momento é altura de felicitar os vivos, chorar os que se perderam, lutar para reconstruir as localidades e ter orgulho de ser madeirense.

4 comentários:

Maria disse...

Quero dizer alguma coisa mas não me ocorrem palavras, só um silêncio de respeito pelo que todos passaram.

S disse...

Obrigada Maria, não importa que sejam poucas ou muitas palavras, ou mesmo nenhumas,os madeirenses agradecem o apoio de todos. ;)

Maria disse...

Eu também sou madeirense. Sou uma das muitas pessoas que saiu ilesa mas não das poucas que foi ver os estragos sem consideração pela dor alheia.

S disse...

Eu também sai ilesa de toda a situação mas infelizmente vi acontecer o pior, a uns metros de mim, e senti-me impotente por não poder ajudar. É muito triste tudo isto ter acontecido. :(